quinta-feira, 14 de abril de 2016

Administração comum dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra contestada também em Palmela



A publicação, em março, de um diploma que dota os Portos de Lisboa, de Setúbal e de Sesimbra de um Conselho de Administração comum, motivou a apresentação de uma moção pelo Vereador do PSD/CDS-PP, na reunião pública de 6 de abril, que foi aprovada por maioria, com os votos da CDU e votos contra da vereação do PS.
A falta de diálogo ao longo do processo, nomeadamente, no que respeita à auscultação das autarquias, a mobilidade dos trabalhadores dos Portos e a possível subordinação de Setúbal e Sesimbra aos interesses de Lisboa são preocupações que justificam a tomada de posição.


O texto da moção segue, abaixo, integralmente:

«O Conselho de Ministros, no dia 3 de março, aprovou um “diploma que estipula que o Porto de Lisboa e os Portos de Setúbal e Sesimbra passam a ter um conselho de Administração comum, em regime de acumulação de funções, para efeitos de planeamento estratégico e promoção de sinergias organizacionais e operacionais de ambas as empresas”, diploma este que foi, entretanto, publicado, como Decreto-Lei, no passado dia 9 de março, pelo que é imperativo assumir uma posição sobre tão importante questão para Palmela e para o tecido económico do concelho.

Lamentamos que o Governo tenha decidido alterar de forma tão acentuada o modelo de gestão da administração portuária de Setúbal sem ter, previamente, encetado um processo de consulta das autarquias locais em que a atividade da APSS têm efeitos diretos, nem sequer tenha divulgado os estudos para sustentar esta decisão.

Consideramos positiva a intenção de efetuar um “planeamento estratégico dos dois portos e de promover sinergias organizacionais e operacionais de ambas as empresas”, tal como foi anunciado pelo Governo, contudo, para atingir tal objetivo não é necessária uma administração conjunta que, mais tarde ou mais cedo, redundará na subalternização de um porto que tem uma autonomia consolidada e uma identidade histórica que não pode ser esquecida.

O planeamento estratégico dos portos pode ser alcançado por outras vias, nomeadamente por efetiva coordenação permanente dos necessários trabalhos para atingir este objetivo por parte da tutela ministerial.

A Câmara Municipal de Palmela, reunida em 6 de abril de 2016, delibera:

1.    Rejeitar, inequivocamente, os projetos de diluição dos Portos de Setúbal e Sesimbra em qualquer estrutura de administração que não esteja preparada nem vocacionada para atender às necessidades do Distrito Setúbal e às suas especificidades portuárias.

2.    Exigir que o Governo retroceda nesta decisão, pois ela é lesiva dos interesses dos Portos de Setúbal e Sesimbra, bem como do tecido económico da região e de Palmela em particular.

3.    Dar conhecimento desta deliberação ao Primeiro-Ministro, Ministra do Mar, todos os Grupos Parlamentares da Assembleia da República, APSS e à comunicação social.»