Passados 141 anos após as primeiras escavações de
Carlos Ribeiro e António Mendes e 110 anos depois dos trabalhos realizados por
António Inácio Marques da Costa, está a decorrer uma nova campanha de trabalhos
arqueológicos nas Grutas Artificiais do Casal do Pardo, em Quinta do Anjo, sob direcção de Victor S. Gonçalves, Ana Catarina Sousa (UNIARQ,
Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa) e de Michelle Santos (Câmara
Municipal de Palmela). No âmbito do Dia Internacional de Arqueologia, o Município promoveu uma visita guiada ao sítio arqueológico, onde foi possível conhecer um pouco mais sobre a sua História e perceber os trabalhos em curso.
Estas grutas remontam ao
Neolítico final mas foram utilizadas durante todo o 3.º milénio (3200 a 2000 antes
da nossa era), tendo sido espaço sepulcral até aos finais do 3º
milénio. Inscrevendo-se numa tradição arquitectónica mediterrânica, estes
sepulcros são semelhantes às práticas funerárias do Megalitismo no Centro e Sul
de Portugal. Identificadas e escavadas em 1876 pela Comissão dos Serviços
Geológicos, as Grutas Artificiais de Casal do Pardo constituem um sítio
paradigmático do hipogeísmo em Portugal, conhecido da comunidade científica
europeia desde o século 19. O importante espólio recolhido nas escavações de
1876 e 1907 encontra-se depositado no Museu Geológico e Museu Nacional de
Arqueologia respectivamente. Destaque para o conjunto de cerâmicas e espólio
associado ao Campaniforme, contexto local de um fenómeno europeu que surge no final
do Calcolítico.
Os trabalhos arqueológicos desenvolvidos pelo Município de
Palmela, em parceria com a UNIARQ - Centro de Arqueologia da Universidade de
Lisboa e a Arqueohoje, inserem-se num programa de valorização das Grutas
Artificiais do Casal do Pardo e apoio à interpretação museológica do sítio, no âmbito do projeto «PRARRÁBIDA – Valorização de Sítios Arqueológicos». Este projeto é promovido pelo Município, com financiamento do PORLisboa2020, no âmbito
do PDCT-AML (Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial da Área Metropolitana
de Lisboa), com o apoio do FEDER, e insere-se na Prioridade de Investimento
6.3 Valorização do Património Cultural e Natural.