terça-feira, 21 de abril de 2015

Município de Palmela exige manutenção e reforço do atendimento de ação social descentralizado no concelho

Em reunião pública realizada a 15 de abril, na Sociedade Recreativa e Cultural do Povo do Bairro Alentejano, a Câmara Municipal de Palmela aprovou, por maioria, com a abstenção do Vereador da coligação “Palmela Mais” (PPD-PSD/CDS-PP), uma moção que dá conta da sua discordância face à reorganização, em curso, dos Serviços da Segurança Social (Centro Distrital de Setúbal) e sublinha a sua disponibilidade para continuar a lutar pela reposição e reforço do atendimento de ação social descentralizado no concelho de Palmela. 

O Centro Distrital de Setúbal do Instituto de Segurança Social terminou, de forma abrupta e sem aviso prévio, os atendimentos que mantinha nas instalações das Juntas de Freguesia de Palmela, Pinhal Novo e Quinta do Anjo. Para as populações em situação de fragilidade social e económica, este foi um rude golpe, que a somar às características geo-demográficas específicas do concelho e às dificuldades geradas por uma rede de transportes públicos insuficiente, vem criar entraves ou, mesmo, bloquear, o acesso às medidas de proteção social necessárias.

No documento, o Município afirma a sua preocupação pela extinção de um modelo de trabalho de proximidade, construído, no concelho, em parceria, e pela falta de informação e esclarecimento sobre a forma como serão implementadas as Redes Locais de Intervenção Social, cujo modelo poderá, uma vez mais, conduzir à perda de autonomia do Poder Local. A reflexão e o debate, em sede de Rede Social, sobre que modelo de funcionamento deve ser adotado, são considerados urgentes, numa perspetiva de construção de um concelho mais solidário. 

Moção


«A Câmara Municipal de Palmela foi confrontada com a decisão do Centro Distrital de Setúbal do Instituto da Segurança Social de, na sequência da recente reorganização dos serviços, deixar de realizar, de imediato, no que diz respeito ao território de Palmela, o atendimento em ação social, garantido, até à data, de forma descentralizada, nas instalações das Juntas de Freguesia de Palmela, Pinhal Novo e Quinta do Anjo.

Esta decisão, tomada de forma unilateral e sem aviso prévio, veio prejudicar sobremaneira os munícipes do concelho de Palmela, vasto território onde coexistem realidades rurais e urbanas que apresentam indicadores sócio-económicos merecedores da nossa atenção e preocupação. Fenómenos como o aumento do desemprego, da pobreza, da exclusão social e do índice de envelhecimento originam a existência de pessoas e/ou grupos sociais em situação de fragilidade social e económica, por via da perda das capacidades económicas das famílias e do seu endividamento.


Considerando que:

-                     esta medida impõe aos munícipes do concelho de Palmela, em situação de maior fragilidade económica, a necessidade de se deslocarem a Setúbal para tratar dos procedimentos necessários à obtenção de apoios prestados pelas medidas de proteção social, levando-os a um acréscimo dos gastos financeiros ou a desistirem, muitas vezes, dos direitos sociais que lhes assistem;

-                     as características geo-demográficas muito específicas do concelho de Palmela não foram tidas em conta, em particular, a situação de povoamento disperso;

-                     a rede de transportes públicos no concelho, insuficiente e, em alguns pontos, inexistente, representa um forte entrave ao acesso à resposta de atendimento de ação social centralizado, na cidade de Setúbal;

-                     o fim do atendimento descentralizado nestas freguesias significa a extinção de um modelo de trabalho de proximidade, construído no concelho de Palmela, há quase duas décadas, e desenvolvido pelas instituições da administração central e local, pelas Instituições Particulares de Segurança Social e pelos/as cidadãos/ãs, tendo como propósito maior proporcionar equidade no acesso às medidas de proteção social;

-                     a falta de informação e de esclarecimento sobre a forma como serão implementadas as Redes Locais de Intervenção Social (RLIS) é preocupante e levanta questões prementes, nomeadamente, no que se refere aos papéis a desempenhar, no novo modelo, pelo Conselho Local de Ação Social de Palmela, pelas Instituições Particulares de Segurança Social, pelas autarquias e pela própria Segurança Social;

-                     na implementação da RLIS, poderá estar em curso um caminho que transforma os municípios em meros executores de um serviço de apoio social, tutelado pela administração central, sendo evidente a perda de autonomia nestas matérias.

-                     numa perspetiva de construção de um concelho mais solidário, da erradicação da pobreza e exclusão social e da promoção do desenvolvimento social, é urgente proporcionar aos agentes sociais locais a reflexão e o debate sobre que modelo de funcionamento deve ser adotado e o que se pretende das parcerias num futuro próximo;

-                     as soluções a encontrar não poderão significar a redução da intervenção do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, nem a redução da responsabilidade que cabe ao Estado, no sentido de garantir a universalidade e a igualdade de acesso aos serviços e apoios da Segurança Social.

A Câmara Municipal de Palmela, reunida a 15 de abril de 2015:

-                     manifesta a sua discordância face à reorganização, em curso, dos Serviços da Segurança Social (Centro Distrital de Setúbal);

-                     propõe levar este tema à discussão em Plenário do Conselho Local de Ação Social de Palmela;

-                     sublinha a sua disponibilidade para continuar a lutar, pelos meios ao seu alcance, para a reposição e reforço do atendimento de ação social descentralizado no concelho de Palmela.

Depois de aprovada, a presente Moção deverá ser remetida aos membros do Governo que tutelam o Ministério respetivo, à Diretora do Centro Distrital de Setúbal do ISS, IP, à Associação Nacional de Municípios Portugueses, à Associação de Municípios da Região de Setúbal, à Assembleia Municipal de Palmela, às Juntas e Assembleias de Freguesia do concelho de Palmela, aos membros do Conselho Local de Ação Social de Palmela, à União Distrital das IPSS de Setúbal, à União Concelhia das IPSS de Palmela e aos órgãos de comunicação social.»