Na
História, na memória e na consciência coletiva do Portugal contemporâneo,
nenhum mês se aproxima da paleta de valores, que Abril consegue evocar nos
corações dos portugueses e das portuguesas. Com um legado de mais de quatro
décadas, esse Abril de 74 devolveu a cor a um povo, que fez da unidade o seu
maior trunfo. As comemorações do 25 de Abril representam um dos momentos mais
altos e abrangentes de celebração comunitária. Mas, mais do que nunca, celebrar
Abril corresponde ao exercício pleno dos nossos direitos e deveres de
cidadania, tomando o nosso lugar nesta polis que reinventámos, lutando pela
concretização plena da nossa Constituição, participando e assumindo a
responsabilidade que nos cabe na vida das comunidades.
Tal
como nos últimos quarenta anos, as autarquias locais continuam a pugnar pela
defesa das comunidades e pela garantia da sua qualidade de vida. Não podemos
deixar esquecer que o desenvolvimento e a modernidade do concelho de Palmela
são fruto da intervenção do Poder Local Democrático, em parceria com as
populações. No entanto, e apesar de responsáveis pela maior fatia do
investimento direto na infraestruturação e qualificação do país, os Municípios
têm assistido ao atropelamento continuado da sua autonomia, com a redução de
recursos materiais e humanos, com a privatização de serviços públicos, com a
descentralização irresponsável e unilateral de competências. As conquistas de
Abril são direitos que devem caminhar no sentido da sua consolidação e não da
sua destruição e esquecimento.
É,
talvez, na área do trabalho que os portugueses e as portuguesas mais têm
sentido o forte retrocesso civilizacional e quando nos aproximamos, também, de
mais um 1º de Maio, devemos ter presente que celebrar o Dia do Trabalhador é
reafirmar as nossas exigências pelos direitos ao trabalho, com condições, com
igualdade, com progresso social.
A
certeza de que é possível mudar o estado das coisas e fazer a diferença é,
porventura, o maior legado que nos deixaram os homens e as mulheres que
construíram a Revolução dos Cravos, e manter vivo esse conhecimento é a maior
homenagem que podemos prestar-lhes. É com esta convicção que propomos, em
conjunto com o Movimento Associativo do concelho, um programa de comemorações
sob o tema “Juntos Construímos Democracia”. Fizemo-lo em 1974 e devemos
acreditar que podemos voltar a fazê-lo, para que Abril se renove e reinvente na
nossa sociedade e no quotidiano de todos e todas nós.
Saúdo
o 41º aniversário do 25 de Abril e o 1º de Maio e convido as populações
do concelho de Palmela a associarem-se ao programa comemorativo, refletindo,
também, sobre os ensinamentos que a Revolução nos deixou e disponibilizando-se
para participar na vida da comunidade, por um futuro melhor.
O
Presidente da Câmara Municipal de Palmela
Álvaro
Manuel Balseiro Amaro