Corria o ano de 1482 quando a sede da
Ordem de Santiago foi transferida para o convento de Palmela, situado no
interior das muralhas do Castelo. A chegada e instalação dos freires na vila é
o tema que a 3.ª Feira Medieval em Palmela, a decorrer entre 23 e 25 de
setembro, vai explorar, envolvendo a comunidade e o público neste episódio, que
marcaria profundamente a identidade cultural do concelho e da região nos
séculos seguintes.
O recinto volta a crescer, este ano,
para albergar o número crescente de feirantes e visitantes, e integrará toda a
área do Castelo de Palmela, a zona do arrabalde do Centro Histórico e o Parque
Venâncio Ribeiro da Costa, que contará com muitas atividades especialmente
vocacionadas para o público infantil. Também o horário é alargado, com
funcionamento entre as 17h00 e a meia-noite na sexta-feira, e entre as 11h00 e
a meia-noite no sábado e no domingo.
Programa recheado com desfiles,
torneios, artes de rua e muito mais
Além dos desfiles no Centro Histórico
de Palmela, que marcam as tardes do fim de semana, o programa contempla um
desfile noturno na sexta-feira, no interior do recinto, que assinala a chegada
dos freires-cavaleiros a Palmela.
Com muita música, gastronomia, dança
aérea e danças antigas, torneios, combates e demonstrações de armas, jograis,
artes de rua, falcoaria, acampamentos temáticos, artesanato e mercado medieval,
a Feira Medieval em Palmela aposta no rigor histórico e no envolvimento da
comunidade, que tem recebido formação em diversas áreas e participa, voluntariamente,
no evento para receber, da melhor maneira, todos aqueles que nos visitam.
As entradas têm o valor de cinco euros
para os três dias e de 2,50 euros para entrada diária (pulseira para facilitar
entradas e saídas do recinto).
A organização é da Alius Vetus –
Associação Cultural História e Património e da Câmara Municipal de Palmela.
Mais informação em http://www.cm-palmela.pt/pages/1739.
Contexto histórico:
A cabeça da Ordem de Santiago estava
em Alcácer do Sal desde inícios do século XIV.
O Infante D. João, filho D. João I,
administrador da ordem (1418-1442), reconheceu a importância de aproximar a
sede da milícia de Lisboa
e entendeu que o castelo de Palmela
era o lugar ideal, quer pela sua localização cimeira e adequada a uma ordem
militar,
quer pelo facto de existir amplo
espaço para a construção conventual dentro das muralhas.
A obra da igreja e do convento
inicia-se a 5 de maio de 1443, sendo então mestre o Infante D. Diogo, filho do
Infante D. João (1442-1443).
Os trabalhos prolongam-se por quatro
décadas, sobretudo pelas vicissitudes político-militares do reino, nomeadamente
a guerra com Castela.
Assim, o avanço da obra atravessa o
mestrado do Infante D. Fernando (1444-1470), filho de D. Duarte, o mestrado de
D. João, filho do Infante D. Fernando (1470-1472)
e termina à época do mestrado do
príncipe D. João, o Príncipe Perfeito, filho de D. Afonso V (1472-1492).
A 26 de Outubro de 1482, os freires
passam de Alcácer do Sal para o convento de Palmela.
Nesse mesmo dia, os freires rezaram na
Igreja de Santiago as primeiras matinas.
A presença da sede da Ordem de
Santiago em Palmela manteve-se até à sua extinção, no século XIX.