A
Câmara Municipal de Palmela realizou, entre 13 e 17 de fevereiro, uma semana de
trabalho descentralizado especialmente dedicada a esta freguesia da Marateca. A
semana integra o ciclo anualmente dedicado às cinco freguesias e contou com um programa dinamizado em
parceria com a Junta de Freguesia, que contemplou várias ações, quer de caráter
público, quer reuniões internas e com o Executivo da União de Freguesias, quer,
ainda, um conjunto de visitas a obras, empresas e projetos, nas áreas social,
cultural e económica.
É urgente desagregar e classificar Marateca e Poceirão como territórios
rurais
A
reunião entre os Executivos Municipal e da União de Freguesias de Marateca e
Poceirão decorreu terça-feira, dia 14 e constituiu uma oportunidade para fazer
o ponto de situação relativamente a obras e investimentos concluídos, em curso
ou programados. Durante este encontro, fez-se também uma avaliação do
cumprimento do protocolo de delegação de competências municipais para a freguesia.
O balanço foi considerado positivo, com melhorias substanciais nas áreas mais
problemáticas, designadamente, a recolha de monos (com a remodelação dos
circuitos de recolha) e a conservação da rede viária. Em fase de revisão estão
os acordos de execução relativamente à manutenção das escolas e espaços de jogo
e recreio. No âmbito desta avaliação, foi solicitado apoio do Município para
encontrar uma solução técnica de contenção das terras, nas obras de ampliação
do cemitério de Águas de Moura.
Nesta
reunião foi apresentada a avaliação e o parecer negativo que a autarquia emitiu, em resposta ao
pedido da DGAL, sobre a agregação das Freguesias em União das Freguesias de
Marateca e Poceirão. A agregação das duas freguesias não teve qualquer vantagem para as entidades e
para as populações e tem sido, pelo contrário, contraproducente em vários
aspetos, sendo urgente a tomada de medidas que exigem coragem política e que
permitam a desagregação dos dois territórios. No mesmo sentido, foi reiterada a
necessidade de se classificarem as duas freguesias como territórios rurais de
baixa densidade, matéria que foi objeto de novo pedido de audiência ao Ministro
da tutela.
Sobre
a escola básica de Cajados, foi dada a informação sobre a conclusão das obras
de encerramento do pátrio nascente e do início, em breve da obra de drenagem
das coberturas, empreitadas que ultrapassam os 14 mil euros. Quanto à preocupação
apresentada pelos encarregados de educação sobre o piso do logradouro, a areia
foi substituída por areão do rio, que é um material aconselhado, mas está
prevista a substituição do piso por material sintético colorido, incluída numa
empreitada a executar no verão, que ascende a 60 mil euros.
A autarquia está a trabalhar na requalificação da baixa e zona comercial de Águas de Moura e ligação
à Estrada Nacional 5. Foi concluído o levantamento topográfico para execução de
projeto, que prevê uma intervenção em calçada grossa, com valeta espraiada,
entre a Calouste Gulbenkian e a urbanização do Sobreiro Grande, prolongando-se
depois com passeio até à avenida da Liberdade. Esta intervenção será objeto de
licenciamento da Infraestruturas de Portugal e em maio, será apresentada candidatura a fundos comunitários, no âmbito do Portugal 2020, de
forma fazer a obra ainda este ano.
O
estudo para a qualificação e arranjo paisagístico da entrada poente de Águas
Moura, junto ao espaço exterior do Quartel do Bombeiros, está, também, em
curso, sendo necessária a fase de negociação com as Infraestruturas de
Portugal, dada a ligação à Estrada Nacional 10.
O
projeto de remodelação e requalificação da EB de Águas de Moura - que foi apresentado, publicamente, durante a reunião descentralizada - está
concluído e a candidatura a fundos comunitários foi aprovada no início deste
mês, pelo que o concurso público será lançado logo que o empréstimo esteja
aprovado e seja obtido o visto do Tribunal de Contas. A complexidade e dimensão
da obra, orçada em 685 mil euros, só permitem avançar após o fim das aulas,
estando já assegurada uma solução para o início do próximo ano letivo.
Também
na reunião pública, divulgou-se o projeto de requalificação da sede da
Associação Cultural e Recreativa de Fernando Pó que, nesta primeira fase,
consiste na reabilitação de equipamentos de apoio (sanitários, etc…), mas,
principalmente, na construção do Pavilhão Multiusos no logradouro, que
permitirá o desenvolvimento das atividades da coletividade e, sobretudo, dotar
a Mostra de Vinhos e o projeto Centro Rural Vinum das melhores condições
logísticas e operacionais. Trata-se de um empreendimento importantíssimo, cuja
candidatura será submetida muito em breve. A requalificação dos espaços
públicos e exteriores de Fernando Pó, com estacionamento, mobiliário urbano e
arborização, já tem estudo prévio para o projeto e avançará depois do verão.
O
calcetamento da berma da Avenida 25 de Abril, em Cajados, a recolocação em
funcionamento das bombas/repuxos dos tanques, junto à igreja de Águas de Moura
(que exige uma nova solução técnica), e o problema de ocupação de parte do
passeio com terras e canas, na rua 25 de abril, cujo proprietário foi
notificado e não concluiu os trabalhos exigidos, foram mais algumas das
questões correntes colocadas.
Centro
Comunitário de Águas de Moura vai alojar Biblioteca e CRJ
Na terça-feira, dia 15 decorreu uma reunião interna no Centro
Comunitário de Águas de Moura, sobre o trabalho já
desenvolvido e a desenvolver naquele espaço, que se pretende cada vez mais
polivalente e fruído pela população.
As instalações, continuam disponíveis, na medida da capacidade do edifício, para as instituições locais desenvolverem as suas atividades e constatou-se a grande dinâmica associativa que lá se vive, com uma programação
cultural, social e desportiva cada vez mais rica – ainda este mês, tiveram
início aulas regulares de Karaté. Pretende-se fortalecer e diversificar ainda mais
a oferta e trazer outras propostas e atividades para aquela população, que está
no limite do concelho e não dispõe, para já, de uma rede de transportes
públicos que responda às suas necessidades.
No
entanto, o principal ponto em discussão na reunião interna teve que ver com
a definição do programa preliminar da obra a efetuar para concluir a
implementação do Centro Comunitário. Ficou definido que o espaço das traseiras
continuará a ser multifuncional, acolhendo espetáculos, ensaios, loja social e
outras atividades, ficando a parte da frente reservada para acolher dois
equipamentos municipais – o pólo da Biblioteca e um Centro de Recursos para a
Juventude.
Visitas
à freguesia dão a conhecer obra feita, economia e rede solidária
A manhã de quarta-feira, dia 15, foi muito rica, com um percurso pela freguesia acompanhado pela comunicação social, procurando divulgar as
dinâmicas que constituem e enriquecem o território.
- O percurso teve início com uma visita à intervenção recentemente concluída, na Rua José dos Santos Tereso, no Bairro
Margaça. Trata-se de uma pavimentação, no valor de cerca de 45 mil euros, que
responde a uma reivindicação antiga da população. A intervenção estendeu-se até
ao limite do perímetro urbano consolidado e, apesar das dificuldades colocadas
pelo perfil da via já existente, conseguiu-se uma solução técnica adaptada ao
terreno e aos desafios, e que já provou a sua qualidade e pertinência durante
as últimas chuvas.
- Na Adega Monte Carreira – uma adega
familiar – fomos recebidos por António José da Costa Carreira e tivemos
oportunidade de provar os vinhos Monte Carreira,
produzidos com castas tradicionais desta região. O último ano foi de qualidade
para os nossos vinhos, mas marcado por uma quebra na produção de uva, com
reflexos na produção de vinho, resultando em cerca de 200 mil litros que se
traduzem num catálogo composto por quatro tintos, dois brancos e dois rosés,
além de um abafadinho muito interessante, que deixa bem patente as suas origens
caramelas. Esta produção, que já chegou aos 400 mil litros, é escoada através
de uma grande superfície e da restauração, bem como diretamente ao público,
sendo, também, vendido a outras adegas locais.
A empresa continua apostada em crescer e investir, estando
prevista, para este ano, a plantação de 21 mil metros quadrados de vinha nova
junto à adega, em Fernando Pó.
-
A caminho das instalações da Cáritas, passámos por uma outra intervenção na
rede viária que o Município concluiu, também, recentemente. Trata-se da
repavimentação do troço final da Rua 9
de Março, em Vale da Abrunheira, Cajados. Uma obra importante, no valor de
cerca de 168 mil euros, que consistiu na reabilitação do pavimento existente e
no alargamento da plataforma, num troço com cerca de 2.680 metros de extensão,
para melhorar as condições de circulação, segurança e conforto, bem como a
drenagem. A Rua 9 de Março permite a ligação
entre a Estrada Nacional 10 e a Estrada Municipal 533 e a obra incluiu o
tratamento de valetas, gares para contentores e intervenção em seis aquedutos.
-
Visitámos, depois, o Centro Comunitário
de S. Pedro, estrutura da Cáritas Diocesana de Setúbal com a qual o
Município celebrou um contrato de comodato em 2015, relativo à cedência da
antiga escola do 1.º ciclo do Ensino Básico de Cajados. No espaço, que está
muito bem cuidado e aproveitado, são desenvolvidas ações para vários públicos,
desde atendimento social e formação para as famílias das freguesias de Marateca
e Poceirão em situação de vulnerabilidade psicossocial e económica, ao apoio
escolar e acompanhamento para crianças e jovens.
O
projeto nasceu em 1995 e tem vindo a crescer desde então – com um pequeno
interregno de um ano, ainda na década de 90 – sempre na localidade de Cajados,
dinamizando um trabalho assente no desenvolvimento da autonomia e da autoestima
desta comunidade.
A
Diretora de Serviços, Dr.ª Isabel Rodrigues, acompanhada pela sua equipa,
descreveu a população das freguesias rurais como «muito recetiva ao trabalho
ali desenvolvido, humilde e interessada», sublinhando que as pessoas conhecem o
que ali se faz e sabem recorrer aos serviços disponibilizados. Nos atendimentos
sociais (que decorrem ali ou, uma vez por semana, de forma descentralizada, em
Poceirão e Águas de Moura), a equipa analisa as necessidades apresentadas e
encaminha para as diversas respostas sociais da rede. No local, são promovidas
ações de formação para aumento de competências sociais, familiares e
educativas, existe acompanhamento social e psicológico, é prestado apoio
escolar todo o ano para jovens dos 2.º e 3.º ciclos e para as/os alunas/os do
1.º ciclo, durante as férias letivas, e dinamizadas colónias de férias em
julho. Um grupo de mulheres da freguesia reúne-se, também, semanalmente, no
espaço, para a realização de trabalhos manuais, para conversarem e conviverem.
As
novas instalações, na antiga escola, com um magnífico pátio exterior, vieram
melhorar e diversificar as condições de trabalho do Centro Comunitário, e
ficámos muito satisfeitos por verificar, no local, mais um exemplo da boa
utilização de um equipamento municipal que foi refuncionalizado e colocado, uma
vez mais, ao serviço da comunidade.
-
Houve tempo, também, para uma nova visita ao Sobreiro Grande de Águas de Moura… depois de, no âmbito da Semana
da Freguesia realizada em 2016, termos apresentado o projeto de valorização
paisagística para aquela árvore monumental, tivemos, hoje, oportunidade de
apreciar a intervenção já concluída e acompanhada pelo Instituto da Conservação
da Natureza e das Florestas, que além de proteger, informar e dar visibilidade
ao sobreiro - que é muito procurado, particularmente por turistas estrangeiros,
sensíveis às questões do ambiente – veio favorecer a sua fruição pela população
local, com bancos para contemplação deste espécime, a quem chamam de
“Assobiador”, mas, também, de “Casamenteiro”. No valor de 16 mil euros, a
intervenção incluiu a instalação de um ginásio de ar livre e de painéis
interpretativos, bem como placas direcionais para o “Sobreiro Monumental”, que
serão colocadas assim que exista autorização.
- A manhã encerrou com a visita a mais uma empresa, – desta feita, a Agrosilvestre, em Fernando Pó, que
produz a marca Vinhos da Moagem. A Agrosilvestre foi fundada em 1993 pela família Figueiredo, inicialmente,
apenas para comercialização de pinhas, que continua a representar uma importante
fatia de negócio, destinada, totalmente, à exportação para mercados como a
Espanha e a Turquia. Trata-se de uma atividade sazonal, legalmente condicionada
ao período entre dezembro e março, que representa bem a vocação agroflorestal
da região. A Agrosilvestre exporta, anualmente, cerca de cinco milhões de
quilos de pinha.
A vitivinicultura
surgiu em 2008, com a aquisição de uma vinha e a implantação da adega,
remodelada em 2010 para modernização dos sistemas de produção. Mais do que a
quantidade – cerca de 300 mil litros por ano – é a qualidade que entusiasma
esta família, que procura oferecer um portfolio de vinhos de exceção, entre os
tintos, os brancos e os rosés, que exportam, já, para países como a Nigéria. O
novo DO 100% Castelão e os vinhos de colheita selecionada são alguns dos seus
maiores orgulhos.
A plantação de seis hectares de vinha nova é
um dos investimentos previstos para este ano.