Com mais de 150 quilómetros quadrados,
Poceirão é o celeiro do concelho de Palmela é uma freguesia com maior extensão
do que grande parte dos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa. De acordo
com o último recenseamento agrícola (INE, 2009), Poceirão era a freguesia com
maior número de explorações agrícolas (585 – 30% do total do concelho) e com
maior área de superfície agrícola utilizada (10.792 ha – 37%).
É, pois, inegável a vocação agrícola, e
também pecuária, deste território, onde além da vinha, sempre presente, a terra
é generosa e oferece uma ampla variedade de hortofrutícolas, que abastecem, não
só a região, mas também várias unidades industriais de transformação. Apesar do
solo fértil e do trabalho das gentes, que têm nesta atividade, não só, o seu
sustento, mas, também, as suas raízes, são vários os problemas com que os
produtores locais se debatem: de um lado, a exploração por parte das grandes
cadeias de distribuição; do outro, uma política agrícola desadequada às
necessidades e à realidade da região.
Entre 18 e 22 de maio, a Câmara Municipal de
Palmela e a Junta de Freguesia contactaram com os agentes locais, no terreno –
agricultores, produtores, empresários, dirigentes associativos, educadores –
para analisar os problemas mais prementes, conhecer projetos e definir
estratégias, que permitam dar continuidade ao trabalho de promoção e afirmação
dos nossos produtos locais de qualidade, da cultura, das tradições, daquilo que
nos distingue e acrescenta valor.
A atenção especial dedicada ao dossiê Saúde,
no ciclo de Semanas das Freguesias 2015, continuou com uma visita à Unidade de
Cuidados de Saúde Personalizados de Poceirão, que permitiu aferir, uma vez
mais, os dados preocupantes quanto à falta de médicos de família e de cuidados
de saúde condignos para as populações das zonas rurais, prejudicadas, também,
pela falta de uma rede de transportes públicos adequada.
Importante resposta social para os idosos nasceu na Escola do Forninho
Durante
a manhã de dia 19, os Executivos da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia
realizaram uma visita à AIRP, Associação de Idosos e Reformados de Poceirão,
que está envolvida num projeto ambicioso, com o objetivo de responder a algumas
das principais necessidades sentidas pela população mais idosa da freguesia.
A
AIRP viu aprovada uma candidatura ao PRODER (medida 3.2 - Melhoria da qualidade
de vida, ação 3.2.2 - Serviços básicos para a população rural), já concluída, caracterizando-se
pela refuncionalização da Escola do Forninho, onde estão instaladas as
respostas de Centro de Dia e de Serviço de Apoio Domiciliário. A candidatura
contemplou, também, duas carrinhas adaptadas - uma para o serviço de apoio
domiciliário e acompanhamento das visitas domiciliárias, e outra para o
transporte dos utentes do Centro de Dia.
Trata-se
de um intervenção com um orçamento de 300 mil euros, sendo o financiamento
comunitário de 73,72%, num montante máximo elegível de 200 mil euros, cabendo à
Associação realizar o investimento no valor de 100 mil euros. Para fazer face
aos encargos decorrentes do projeto, a autarquia deliberou, em reunião pública,
um apoio financeiro à associação no valor de 25 mil euros. Acresce, ainda, a
cedência, em regime de direito de superfície, da Escola do Forninho (escritura
celebrada em 2013) e a isenção de pagamento de taxas urbanísticas, no valor
global de 1.051 euros.
A
AIRP, associação constituída em 2003 e IPSS – Instituição Particular de
Solidariedade Social desde 2006, com o objetivo de apoiar os idosos e
reformados da freguesia, possui, atualmente, seis utentes de Centro de Dia e
nove de Apoio Domiciliário, tendo capacidade para acolher três dezenas de
utentes. A Câmara Municipal reuniu, recentemente, com a Segurança Social, que
garantiu estar em condições de assumir o compromisso de celebrar os acordos de
cooperação com esta instituição, a partir de setembro.
Para
breve, está o início da confeção de refeições na instituição, atualmente
fornecidas pelo Infantário “A Cegonha”. As escolas de ensino básico da Aroeira
e da Asseiceira, já desativadas, foram, também, cedidas à AIRP, para alojamento
de projetos futuros, após a consolidação das atuais valências.
A
freguesia, predominantemente rural, apresenta uma população envelhecida, com
baixos recursos. A falta de uma rede de transportes públicos e as políticas do
Governo, que continua a retirar serviços básicos de proximidade, contribuem
para o isolamento desta população. Este projeto, que aposta em promover a
autonomia dos idosos, melhorando a sua qualidade de vida, é, por isso, de
reconhecida importância para a coesão social, desenvolvimento e valorização da
comunidade.
Intervenção municipal torna Poceirão acessível
No dia 20, o programa de trabalho teve início
com uma visita por algumas ruas da aldeia de Poceirão, para perspetivar uma
intervenção, a implementar em breve, no âmbito do Plano de Acessibilidades.
Trata-se de uma empreitada, cujo valor base é de cerca de 13.400,00 euros e
duração prevista de 45 dias, que permitirá ao Poceirão ser uma localidade
totalmente acessível a todos, para promoção da inclusão e mobilidade.
A intervenção integra, entre outros trabalhos
já realizados e em curso, a supressão de canteiros e floreiras em passeios mais
estreitos, o rebaixamento de mais de vinte passadeiras (bem como a criação de
mais uma dezena), a recolocação de contentores de RSU e ecopontos, postes de
iluminação pública e o estudo da relocalização da praça de táxis. Em simultâneo, será feita a pintura de todas
as passadeiras de peões, incluindo as que já tinham sido rebaixadas numa
intervenção anterior.
Melhorar as condições de acessibilidade a
pessoas com mobilidade condicionada ou reduzida é o objetivo central desta
intervenção, cujo prazo para apresentação de propostas terminou esta semana,
encontrando-se em análise.
O Município de Palmela é particularmente
sensível às questões da acessibilidade e integra, desde o início de 2014, a Rede “Cidade e Vilas de Excelência” do
Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, na sequência do trabalho
desenvolvido com esta entidade, e que tem sido amplamente reconhecido, a nível
nacional.
Maltibérica aposta na colaboração com produtores nacionais de cevada
Sediada em Poceirão, a Maltibérica – Sociedade Produtora de Malte,
S.A., produz e comercializa malte para a indústria cervejeira, e distribui,
também, leite em pó maltado, farinha maltada e malte para ração
animal.
Acompanhados da comunicação social, os
Executivos Municipal e da Junta visitaram a unidade fabril, onde foram
recebidos pelo administrador Carlos Pragana, que apresentou a empresa e realçou
os principais objetivos da gestão.
A celebrar 25 anos, a Maltibérica nasceu de uma parceria entre a
Unicer (que detém 51% do Capital Social) e a Intermalta (Sociedade espanhola
detida na totalidade pelo maior operador mundial em produção de malte
cervejeiro: a Malteurop). Atualmente, dispõe de uma capacidade instalada para 42
mil toneladas de malte anuais, emprega 15 pessoas e apresenta um volume de
negócios de 18 milhões de euros. Produz, anualmente, 70 mil toneladas de malte,
o que representa 50% da produção nacional.
Desde o início da sua produção, a Maltibérica tem procurado
utilizar a maior percentagem possível de cevada de origem nacional, promovendo,
em colaboração com entidades nacionais e internacionais como a Carlsberg e o
Instituto Nacional de Recursos Biológicos, ensaios e projetos de investigação
(apoiados pelos programas Prime e QREN) com diferentes variedades de cevada,
para maximizar, nos campos da produção e da qualidade, a cultura de cevada
dística para malte e cerveja em Portugal.
A empresa fornece parceiros como a Nestlé Portugal, a Melo Abreu, a
Rosema (cervejeira de S. Tomé e Príncipe), entre outros clientes.
O complexo da Maltibérica é composto pelo edifício administrativo,
silo de armazenamento; malteria, que assegura todo o processo de maltagem,
composta por duas linhas de produção; central de refrigeração; laboratório, que
permite um controlo rigoroso do processo; central de cogeração, alimentada a
gás natural e dotada de um sistema inovador de recuperações térmicas, sendo uma
das mais eficientes a nível nacional e internacional; Estação de Tratamento de
Águas Residuais (ETAR); centro de transformação, com uma potência total de
2.500KVA.
Coudelaria em Lagameças valoriza Cavalo Lusitano
Entre
as visitas de trabalho à empresa Maltibérica e à Adega Monte Maneta, em
Poceirão, os Executivos da Câmara e da Junta de Freguesia passaram pela
Coudelaria “Berço Lusitano”, em Lagameças, fundada em 2007, por Florbela
Cardoso, que iniciou, assim, um sonho de longa data, tendo como objetivo a
criação de cavalos Lusitanos. Esta jovem coudelaria procura selecionar os
melhores animais, utilizando alguns garanhões, como o Bandeirante, da
Coudelaria Madalena de Abecassis, e, também, o Nordeste, o Vértice, o Vento, o
Quovadis e o Violino, vindos de uma das mais prestigiadas coudelarias, a
Sociedade das Silveiras.
Atualmente,
com seis éguas e dois cavalos, esta coudelaria já vendeu animais para Espanha e
França.
Monte Maneta investe na qualidade do vinho e na reestruturação da adega
No dia 20, as visitas de trabalho do período da
manhã terminaram na Adega Monte Maneta, no Forninho. Propriedade de Lino
Delgadinho, esta é uma estrutura pequena e familiar, com um historial de cerca
de duas centenas de anos em torno da vitivinicultura.
Esta adega produz vinhos tintos e brancos da
casta Castelão (comercializado em embalagens bag in box) e o ano passado, registou uma produção de 50 mil
litros. Produção que é, depois, escoada, sobretudo, para o consumidor final,
contando, também, com alguns restaurantes, que procuram, anualmente, o vinho
ali produzido.
O proprietário aposta, assim, na qualidade do
vinho, em detrimento da quantidade, e investiu, também, na reestruturação e
qualificação da adega, numa intervenção, ainda em curso, no valor de 30 mil
euros.