segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Palmela exige fim efetivo do bloqueio a Cuba


            A difícil situação vivida pelo povo cubano e as penalizações sofridas por bancos e empresas internacionais que se relacionem com Cuba voltaram a ser tema de uma moção apresentada pela maioria da Câmara Municipal de Palmela e aprovada por unanimidade.
            A comunidade internacional aplaudiu, em 2015, o retomar das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos da América e aguardou o levantamento do bloqueio que, há mais de meio século, causa enormes prejuízos à população e ao país, num atentado à liberdade e à soberania. No entanto, os Estados Unidos não dão sinal de recuar e renovaram o bloqueio no passado dia 11 de setembro.
            Num momento em que a Assembleia Geral das Nações Unidas se prepara para discutir, pelo 25.º ano consecutivo, o levantamento do embargo (em 2015, apenas Estados Unidos e Israel votaram contra), a Câmara Municipal de Palmela junta a sua voz à comunidade internacional, exigindo o levantamento imediato deste bloqueio.
            Transcreve-se, abaixo, o texto integral da moção, aprovada a 19 de outubro:

            «Em dezembro de 2014, o anúncio do retomar das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos da América abriu uma janela de esperança para o povo cubano, oprimido por mais de meio século de bloqueio económico, comercial e financeiro, imposto pelos Estados Unidos. A reabertura, a 20 de julho do ano passado, das missões diplomáticas permanentes em Washington e Havana veio confirmar o anúncio e constituiu um passo importante, saudado pela comunidade internacional, para o respeito mútuo e a cooperação entre os respetivos povos e governos.

            No entanto, cerca de dois anos depois do início do processo, a esperança voltou a dar lugar à insatisfação e à preocupação. O bloqueio - cujos prejuízos causados à população e às instituições cubanas soma, já, 125.873 milhões de dólares – não só se mantém como foi renovado no dia 11 de setembro, com inesperada intensidade. Bancos e instituições financeiras com ligações a Cuba são punidos com multas milionárias, o comércio bilateral é inexistente, barcos estrangeiros que levem mercadorias a Cuba só podem voltar a aportar nos Estados Unidos seis meses depois da sua partida da ilha caribenha, cidadãs/os norte-americanas/os apenas podem visitar o país em circunstâncias especiais e muito restritas.

            A decisão de terminar o bloqueio a Cuba cabe ao Congresso dos Estados Unidos, mas o Presidente Barack Obama tem competência executiva para tomar medidas com efeito imediato, que permitam aliviar os danos económicos e humanos, sentidos, com maior gravidade, pela população mais desprotegida.

A Câmara Municipal de Palmela, reunida na Biblioteca Municipal de Palmela a 19 de outubro de 2016, delibera:

- Exigir, uma vez mais, o levantamento imediato do bloqueio dos Estados Unidos a Cuba, medida incontornável para o desenvolvimento económico e bem-estar das/os cidadãs/os cubanas/os e para a soberania e independência daquela nação;

- Continuar a sensibilizar a comunidade nacional e internacional, pelos meios ao seu dispor, para o sofrimento do povo cubano, sublinhando que as relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, supostamente retomadas, só se concretizarão quando o bloqueio for eliminado.

- Remeter o presente documento ao Senhor Presidente da República, aos Sr.s Secretários Gerais da ONU (atual e designado), às embaixadas de Cuba e dos Estados Unidos da América em Portugal, aos Grupos Parlamentares da Assembleia da República e à comunicação social.»