quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres evocado na reunião pública do Executivo


A Câmara Municipal de Palmela aprovou, por unanimidade, na reunião pública de 22 de novembro, duas Moções que evocam o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, assinalado a 25 de novembro. Recorde-se que a autarquia está a promover, até ao final do mês, em parceria com a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – APAV, um conjunto de ações de informação e sensibilização junto dos serviços municipais, sobre esta temática.
Seguem, abaixo, os textos integrais das Moções:

Moção apresentada pela CDU
        «Assinala-se a 25 de Novembro o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. Segundo a Organização das Nações Unidas, uma em cada três mulheres sofre de violência ao longo da sua vida, em resultado de um desequilíbrio de poder entre homens e mulheres que conduz à sua descriminação, tanto na sociedade como nas famílias, privando-as de direitos sociais e económicos fundamentais.
          A nível europeu, esta preocupação levou à celebração da Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica, um instrumento jurídico vinculativo, de âmbito internacional, que visa a proteção das mulheres contra todas as formas de violência, e a prevenção, contribuindo para a promoção da igualdade entre mulheres e homens, por via da eliminação de todas as formas de discriminação.
        É também objetivo desta Convenção – ratificada pela Assembleia da República a 21 de Janeiro de 2013 - criação de um quadro global de políticas, medidas de proteção e assistência, a par da promoção da cooperação internacional e do apoio às organizações e organismos responsáveis pela aplicação da lei para que cooperem de forma eficaz, adotando uma abordagem integrada, com vista a eliminar a violência contra as mulheres e a violência doméstica.
         Portugal tem dado, ao longo das últimas décadas, uma especial atenção à problemática da violência doméstica e violência de género e implementado planos nacionais com vista a operacionalizar as respetivas políticas públicas, designadamente o atual V Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e de Género 2014-2017.
        A preocupação em torno da igualdade de género e violência doméstica no concelho de Palmela materializou-se num Plano Municipal de Prevenção e Combate à Violência Doméstica, aprovado em Setembro de 2011, que sistematiza a reflexão em torno da Violência Doméstica e ajusta as principais linhas de trabalho decorrentes do IV Plano Nacional de Combate à Violência Doméstica às necessidades do concelho e aos recursos disponíveis.
       Desde essa altura que a Câmara Municipal, em parceria com a Sociedade de Estudos e Engenharia em Intervenção Social (SEIES), tem vindo a intervir nesta problemática.
        Assim, e considerando a pertinência de respostas no âmbito do apoio e acompanhamento psicossocial a vitimas, que se revela quotidianamente necessário e justificado, atendendo ao aumento dos indicadores em termos dos casos acompanhados quer pela CPCJ de Palmela, quer pelas instituições que intervêm nos territórios de Palmela e Setúbal, como é o caso da APAV, entre outras, está em preparação uma nova resposta concelhia.
      Pretende-se, assim, em parceria com a SEIES e as entidades que intervêm no terreno, implementar um Centro de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica, num espaço municipal. Para este projeto, está a ser angariado, pela SEIES, um financiamento através da candidatura ao Programa PROCOOP.
      De forma a assinalar esta efeméride e prevenir situações de violência doméstica que se repercutem nos vários contextos de vida pessoal, social e profissional dos trabalhadores, durante os dias 8, 15, 22 e 29 de novembro, o Município de Palmela, com a Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV), tem vindo a desenvolver junto dos serviços municipais, um conjunto de ações de sensibilização/informação sobre a “Prevenção e Combate à Violência Domestica”. As ações que decorreram até à data já abrangeram mais de meia centena de trabalhadores/as, contemplando, no final de cada sessão, abordagens mais individualizadas à equipa de trabalho.
        Face ao papel incontornável desempenhado pelos municípios no desenvolvimento social local, e por considerar que a violência contra as mulheres constitui um obstáculo à concretização dos objetivos de igualdade, desenvolvimento e paz, ao violar, dificultar ou anular o gozo dos seus direitos humanos e liberdades fundamentais, a Câmara Municipal, reunida a 22 de novembro de 2017, delibera:
     - Assinalar o dia 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, pretendendo assim alertar e consciencializar a comunidade para a importância da prevenção da violência sobre as mulheres, com particular atenção para a violência doméstica;
    - Contribuir para aumentar o nível de conhecimento e refletir sobre os direitos, medidas de prevenção e apoios ao combate à violência doméstica;
      - Dar a conhecer o fenómeno da violência doméstica como uma desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres;
    - Enquadrado pelo Diagnóstico Social do concelho de 2015 e pelo Plano de Desenvolvimento Social de Palmela – 2015-2019, continuar a colaborar com as entidades e organizações que intervêm no terreno, prosseguindo as estratégias políticas, legislativas e medidas de prevenção, apoio e combate à violência contra as mulheres e a violência doméstica, nomeadamente com a criação de uma resposta concelhia no âmbito do atendimento a vítimas de violência doméstica».


        Moção apresentada pelo PS

     «A Luta pela eliminação da violência contra as Mulheres assinala-se no dia 25 de novembro. Segundo dados das Nações Unidas, 70% das mulheres são vítimas de violência em algum momento da sua vida. No que concerne à frequência e à gravidade da violação dos direitos humanos, esta realidade afeta milhares de pessoas, constituindo uma das tipologias criminais mais registadas em Portugal.

      A violência, nas diferentes formas que pode revestir-se ao longo do ciclo de vida, resultante de fenómenos sociais adversos, contexto de relações interpessoais ou de comportamentos autopunitivos, tem impacto na vida dos próprios e das pessoas que rodeiam.

   Segundo os registos das autoridades policiais e das associações que exercem trabalho de proximidade com esta realidade, as ocorrências revelam que as vitimas são de todas as condições e estratos socioeconómicos, e tal característica sucede, igualmente, com os seus agressores.

   A evidente consciência pública deste fenómeno social inaceitável, é a forma, cada vez mais assertiva no tratamento legal e social. Os números apresentados, no que concerne às vítimas de violência doméstica e aos femicídios daí resultantes, são dados que nos devem envergonhar e fazer refletir sobre a sociedade que queremos.

    Recentemente assistimos à justificação de penas de prisão suspensa de agressores, por parte de um juiz, que citou a Bíblia e o Código Penal de 1886… "O adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e dignidade do homem. Sociedades existem em que a mulher adúltera é alvo de lapidação até à morte. Na Bíblia, podemos ler que a mulher adúltera deve ser punida com a morte". Não podemos baixar os braços nesta luta, e devemos indignar-nos e repudiar, todas as situações que atentem contra os princípios constitucionais da dignidade humana, da igualdade entre homens e mulheres e não discriminação.

    Não nos devemos calar nunca! Somos todos obrigados enquanto cidadãos e cidadãs fazer cumprir a Constituição Portuguesa.

      Assim, a Câmara Municipal de Palmela, reunida em 22 de Novembro de 2017, vem:
   - Manifestar repúdio por todas as formas de violência, incluindo o tráfico de mulheres, que atentam os direitos humanos».